quarta-feira, 21 de abril de 2010

Católicos precisam se unir em defesa da Igreja

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M

Recomendo aos amigos de nosso blog Leituras Catolicas a participarem desta muito boa iniciativa click aqui
Em Jesus e Maria

Gabriel
gabrielnsa@gmail.com

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terça-feira, 20 de abril de 2010

Discurso sobre a Santidade da Igreja - Pe.Manuel Bernardes -

A SANTIDADE DA IGREJA

NÃO DEIXA de ser sancta a Igreja catholica, ainda que dentro della haja tantos e tão enormes peccadores, pois Christo a comparou à rede, recolhendo peixes bons e maus (cf. Mt 13,47); à eira no campo, onde há grão e palha (cf. Lc 3,17); ao campo semeado, onde cresceram junctamente o trigo e as cizanias (cf. Mt 13,25); às dez virgens, cinco dellas prudentes, mas outras cinco fatuas (cf. Mt 25,1); e São Paulo, à casa onde há uns vasos de ouro e prata, que são para ministerios honrosos, e outros de madeira e barro, para os ministerios de contumelia (cf. 2Tm 2,20). E da mesma Igreja foi expressa figura a Arca de Noé, onde entraram animais mundos e immundos (cf. Gn 7,2). Com estas palavras do Evangelho, e outras Escripturas mais litteraes, ficaram convencidos duzentos noventa e seis bispos hereges donatistas – que excluíam da Igreja todos os peccadores – disputando contra elles Sancto Agostinho, em uma conferencia celeberrima, que sobre este ponto tiveram em Carthago. Os heresiarcas João Huss, João de Rocsesana e Martim Luthero renovaram este erro dos donatistas, não advertindo, como cegos, que pela mesma sua doutrina se excluíam da Igreja, pois os seus costumes eram depravadissimos, e tão barbaros, que os circumcelliões, ou escotopitas – ramo dos donatistas – se matavam a si mesmos precipitando-se ou affogando-se, e matavam também a quem os não queria matar. Chama-se, pois, sancta a Igreja, não obstante haver nella peccadores, em razão de serem sanctos os seus fundadores ou propagadores, os Apostolos, sanctos os seus sacramentos, sancta a sua lei, sanctos os seus dogmas, os seus ritos e cerimonias, e sancta a união dos seus membros na mesma fé, religião e obediencia, e também porque só na Igreja catholica há sanctidade verdadeira e inerente nas almas dos justos, que são a sua melhor parte, da qual deve tomar-se a denominação. E neste mesmo sentido podemos entender, com muitos sanctos padres, o louvor que nos Cantares se dá à Esposa, ou Igreja, de ser toda formosa e sem macula: Tota pulchra es, amica mea, et macula non est in te (Ct 4,7) – se com outros padres o não quizermos entender antes da Igreja Triumphante.

Sirva esta doutrina de se não escandalizarem os catholicos – como os hereges se escandalizam – considerando o deploravel e calamitoso estado em que se acha a Igreja, sendo a reforma della, ao mesmo passo que mui necessaria, mui difficultosa. Bem podemos – diz São Gregorio – para chorar este commum trabalho, desejar as lagrymas de Jeremias, dizendo: Oh! como se denegriu o ouro, e se mudou sua cor optima: Imploremus Jeremiae lacrymas, et dicamus: Quomodo obscuratum est aurum, mutatus est color optimus? – Antigamente a Arca nadava no diluvio; agora o diluvio nada na Arca, e diluvio, não de agua, mas de sangue: Maledictum, et mendacium, et furtum, et adulterium inundaverunt, et sanguis sanguinem tetigit (Os 4,2). – Lá, ao multiplicar-se as aguas, subia a arca para o céu: Multiplicatae sunt aquae, et elevaverunt arcam in sublime a terra (Gn 7,17). – Cá, ao multiplicar-se as maldades, desce muito para o inferno. Já os delictos e desaforos se não contentam em habitar nos covis e brenhas, como feras, senão que passeiam confiadamente pelas ruas, e entram pelos templos. A malicia se antecipa à idade, e apenas começa o uso da liberdade humana, quando já se dedica ao serviço da tyrannia diabolica. Não está a fé dormindo, como já no seu tempo se queixava São Cypriano: Jacentem fidem, et pene dixerim dormientem – senão morta, pois lhe falta a vida das boas obras. Não há força de leis, de palavra divina, de castigos, de sacramentos, que baste a destorcer o coração do amor às coisas terrenas e caducas para as celestiaes e eternas. Tudo ultraja, tudo rompe, tudo profana e conculca a furiosa fome do apetite de honras e gostos. Todos no Baptismo promettemos renunciar às pompas do diabo; muitos dahi a pouco as sollicitamos e adoramos. O sal, que havia de resistir a tanta corrupção, enfatuou-se, porque no Sacramento da Ordem, e nos claustros das ordens, muitos não entram chamados por Deus, senão que o mundo os leva, e o mundo levam elles comsigo; e, por conseguinte, não aspiram à perfeição, e nesta negligencia crassissima abrem porta franca a innumeraveis peccados. Emfim, se alguém considerar no lastimoso de tantas miserias, primeiro se lhe acabarão as lagrymas do que as causas de as chorar, como a outro proposito disse o romano estóico: Lacrymae nos deerunt, antequam causae dolendi.

Nestes termos, pois, em que os filhos da Igreja se multiplicaram, não se aumentou a alegria de sua Mãe: Multiplicasti gentem, non magnificasti laetitiam (Is 9,3); boa parte do remedio para a reforma consistia na dos confessores. Porém, se é remedio de si efficaz, como se fará praticavel? É remedio de si efficaz e proporcionado, porque todas as desordens do mundo, ou são peccados, ou do peccado procedem; e todo peccado de pessoa baptizada é materia da confissão; logo, se neste tribunal houvesse bons ministros, isto é, dotados daquellas três prendas, ou requisitos, que ensina Sancto Tomaz, a saber: virtude, sciencia e prudencia, sem duvidas muitas chagas deste Lazaro, que é o corpo mystico de Christo, nas salutiferas linguas destes zelosos cães teriam medicina. Oh! quantas restituições de fazenda e honra se executariam promptamente! Quantos rancores e dissidios se poriam de parte antes de criarem raizes mais profundas! Quantos contractos e demandas, pretensões e renuncias, não achariam patrocinio em opiniões mal fundadas! Que differentes e proporcionados remedios se applicariam, observando-se a variedade dos espiritos e consciencias, umas erroneas, outras ignorantes, outras illusas; umas audazes e temerarias, outras timidas e escrupulosas; outras desmemoriadas e pouco reflexivas! Oh! quanto fructo faz na sua Igreja um bom paroco! Quanto fructo em uma cidade inteira um só confessor sancto, um confessor que não faz excepção de pessoas, para receber e ouvir a todos paciente e benignamente! Que não recusa ouvir confissões geraes! Que estuda sobre granjear e melhorar a fazenda de Christo, que são as almas! Que lhe doem as injurias da honra deste Senhor! Que faz chorar os penitentes, porque elle chora primeiro! Quantas almas lhe traria Deus, se lhas pedisse com vivo desejo da sua salvação, e dellas soubesse dar-lhe boa conta! Que differente respeito e obediencia lhe teriam estas, vendo que só procurava dellas o que procurou Christo! E se este confessor sancto o fosse dos principes, dos pastores, ou dos ministros, quantos lucros iam aqui avançados em um só lucro? Porque: Conversio potentium saeculi – disse São Fulgencio – multum militat acquisitionibus Christi. – E: Qui regem erudit, eum et subditos quosque instruere certum est – disse Diogenes.

Emfim, considere-se o fructo que fizeram na Igreja de Deus um São Raimundo de Penhafort, um São Saaquim, um São Francisco de Sales e um São Philippe Neri, que até o dia da sua morte não cessou de administrar este sacramento, e outros semelhantes operarios evangelicos, e por aqui se verá se o remedio do beato Pio V era efficaz. Não porque possa duvidar-se que o valor dos sacramentos não depende da sanctidade do ministro – como querem os hereges do nosso tempo – senão porque vai muita differença para os fructos delles se lograrem, e se aproveitar melhor o sangue de Christo, entre o ser ou não ser o tal ministro lettrado, prudente e timorato. Se Judas – não se requere nos exemplos total semelhança – fôra dizer o seu peccavi aos outros Apostolos, porventura que não desesperara; foi dizê-lo aos phariseus, e responderam-lhe: Que temos nós com a traição que commetteste? Viras primeiro o que fazias: Quid ad nos? Tu videris (Mt 27,4).

Porém, que o dicto arbitrio seja impraticavel, mostra-se, primeiramente, porque por alguma de três portas entram os sacerdotes a exercitar o poder que receberam de perdoar peccados: pela da justiça, como são os parocos, e mais pastores ordinarios; pela da obediencia, como são os regulares; ou pela caridade, como são quaesquer outros soldados aventureiros desta milicia de Christo. Mas, por qualquer via, sempre necessitam ser homens de grande virtude, de castidade provada, de mansidão e paciencia, de justiça e prudencia, de desprezo do mundo e inteireza de animo. Que, assim como o sacerdote, para dizer missa, tem certas vestiduras sagradas, em que primeiro se reveste, assim um confessor, para fazer o seu officio, as sobredictas virtudes são os paramentos interiores com que primeiro se há de achar ornado, e mal se poderão adquirir sem exercicio de oração e mortificação, o qual raros são os que o emprehendem menos os que continuam, porque omnes quae sua sunt quaerunt, non quae sunt JESU Christi (Fp 2,21). – E queira Deus que os bispos não tenham culpa disto, admittindo ao divino poder de perdoar peccados muitos sujeitos que vivem sujeitos a muitos peccados. Eu lhes não arrendo o ganho, nem julgo nelles por impossivel esta culpa, pois até um São Leão Papa escorregou nella. Do qual conta Sophronio que, havendo insistido em oração e jejum quarenta dias diante do sepulcro de São Pedro, pedindo-lhe instantissimamente que lhe alcançasse de Deus, Nosso Senhor, perdão de seus peccados, no remate desta quaresma lhe appareceu o gloriosissimo Principe dos Apostolos, e lhe disse: Orei por ti, e perdoados te são todos os teus peccados, exceptos os da imposição das mãos. – Quiz dizer os de haver ordenado mal alguns sacerdotes indignos, porque daqui resultam grandissimos prejuizos à Igreja de Deus. E disse que lhes não eram perdoados quanto à pena, porque quanto à culpa claro está que Deus não perdoa uns sem outros, quando são mortaes.

Por outra parte, as lettras – cuja importancia para o tal officio não se pode escusar – têm produzido tanta licença de opinar em qualquer materia, que uma grande parte da teologia moral está reduzida a pontos problematicos, em que cada um pode seguir o que quizer (...).

Quem há de metter este espirito de zelo nos confessores, e em tantos confessores, como é necessario para o fim pretendido? Ou que preceitos e regras podem nisto dar os principes ecclesiasticos, que brevemente se não alarguem e pervertam? Tudo vem a parar em falta de amor de Deus: se o há, tudo se endireita facilmente: se não o há, nada basta para nos metter a caminho. Assim se vão fabricando aquelles dois reinos, um de Jerusalém, outro de Babylonia; um do amor divino, outro do amor proprio, dando Deus a cada espirito os bens que elle procura, a saber, aos vazios as coisas vazias, que são as terrenas e caducas, e aos cheios as cheias, que são as celestiaes e permanentes, como o anjo Uriel disse ao Sancto Esdras: Vacua vacuis, et plena plenis – até que chegue o dia decretorio, em que o acerto de uns e o engano de outros se demonstre a todos.

Discurso sobre a Santidade da Igreja - Pe.Manuel Bernardes -

A SANTIDADE DA IGREJA

NÃO DEIXA de ser sancta a Igreja catholica, ainda que dentro della haja tantos e tão enormes peccadores, pois Christo a comparou à rede, recolhendo peixes bons e maus (cf. Mt 13,47); à eira no campo, onde há grão e palha (cf. Lc 3,17); ao campo semeado, onde cresceram junctamente o trigo e as cizanias (cf. Mt 13,25); às dez virgens, cinco dellas prudentes, mas outras cinco fatuas (cf. Mt 25,1); e São Paulo, à casa onde há uns vasos de ouro e prata, que são para ministerios honrosos, e outros de madeira e barro, para os ministerios de contumelia (cf. 2Tm 2,20). E da mesma Igreja foi expressa figura a Arca de Noé, onde entraram animais mundos e immundos (cf. Gn 7,2). Com estas palavras do Evangelho, e outras Escripturas mais litteraes, ficaram convencidos duzentos noventa e seis bispos hereges donatistas – que excluíam da Igreja todos os peccadores – disputando contra elles Sancto Agostinho, em uma conferencia celeberrima, que sobre este ponto tiveram em Carthago. Os heresiarcas João Huss, João de Rocsesana e Martim Luthero renovaram este erro dos donatistas, não advertindo, como cegos, que pela mesma sua doutrina se excluíam da Igreja, pois os seus costumes eram depravadissimos, e tão barbaros, que os circumcelliões, ou escotopitas – ramo dos donatistas – se matavam a si mesmos precipitando-se ou affogando-se, e matavam também a quem os não queria matar. Chama-se, pois, sancta a Igreja, não obstante haver nella peccadores, em razão de serem sanctos os seus fundadores ou propagadores, os Apostolos, sanctos os seus sacramentos, sancta a sua lei, sanctos os seus dogmas, os seus ritos e cerimonias, e sancta a união dos seus membros na mesma fé, religião e obediencia, e também porque só na Igreja catholica há sanctidade verdadeira e inerente nas almas dos justos, que são a sua melhor parte, da qual deve tomar-se a denominação. E neste mesmo sentido podemos entender, com muitos sanctos padres, o louvor que nos Cantares se dá à Esposa, ou Igreja, de ser toda formosa e sem macula: Tota pulchra es, amica mea, et macula non est in te (Ct 4,7) – se com outros padres o não quizermos entender antes da Igreja Triumphante.

Sirva esta doutrina de se não escandalizarem os catholicos – como os hereges se escandalizam – considerando o deploravel e calamitoso estado em que se acha a Igreja, sendo a reforma della, ao mesmo passo que mui necessaria, mui difficultosa. Bem podemos – diz São Gregorio – para chorar este commum trabalho, desejar as lagrymas de Jeremias, dizendo: Oh! como se denegriu o ouro, e se mudou sua cor optima: Imploremus Jeremiae lacrymas, et dicamus: Quomodo obscuratum est aurum, mutatus est color optimus? – Antigamente a Arca nadava no diluvio; agora o diluvio nada na Arca, e diluvio, não de agua, mas de sangue: Maledictum, et mendacium, et furtum, et adulterium inundaverunt, et sanguis sanguinem tetigit (Os 4,2). – Lá, ao multiplicar-se as aguas, subia a arca para o céu: Multiplicatae sunt aquae, et elevaverunt arcam in sublime a terra (Gn 7,17). – Cá, ao multiplicar-se as maldades, desce muito para o inferno. Já os delictos e desaforos se não contentam em habitar nos covis e brenhas, como feras, senão que passeiam confiadamente pelas ruas, e entram pelos templos. A malicia se antecipa à idade, e apenas começa o uso da liberdade humana, quando já se dedica ao serviço da tyrannia diabolica. Não está a fé dormindo, como já no seu tempo se queixava São Cypriano: Jacentem fidem, et pene dixerim dormientem – senão morta, pois lhe falta a vida das boas obras. Não há força de leis, de palavra divina, de castigos, de sacramentos, que baste a destorcer o coração do amor às coisas terrenas e caducas para as celestiaes e eternas. Tudo ultraja, tudo rompe, tudo profana e conculca a furiosa fome do apetite de honras e gostos. Todos no Baptismo promettemos renunciar às pompas do diabo; muitos dahi a pouco as sollicitamos e adoramos. O sal, que havia de resistir a tanta corrupção, enfatuou-se, porque no Sacramento da Ordem, e nos claustros das ordens, muitos não entram chamados por Deus, senão que o mundo os leva, e o mundo levam elles comsigo; e, por conseguinte, não aspiram à perfeição, e nesta negligencia crassissima abrem porta franca a innumeraveis peccados. Emfim, se alguém considerar no lastimoso de tantas miserias, primeiro se lhe acabarão as lagrymas do que as causas de as chorar, como a outro proposito disse o romano estóico: Lacrymae nos deerunt, antequam causae dolendi.

Nestes termos, pois, em que os filhos da Igreja se multiplicaram, não se aumentou a alegria de sua Mãe: Multiplicasti gentem, non magnificasti laetitiam (Is 9,3); boa parte do remedio para a reforma consistia na dos confessores. Porém, se é remedio de si efficaz, como se fará praticavel? É remedio de si efficaz e proporcionado, porque todas as desordens do mundo, ou são peccados, ou do peccado procedem; e todo peccado de pessoa baptizada é materia da confissão; logo, se neste tribunal houvesse bons ministros, isto é, dotados daquellas três prendas, ou requisitos, que ensina Sancto Tomaz, a saber: virtude, sciencia e prudencia, sem duvidas muitas chagas deste Lazaro, que é o corpo mystico de Christo, nas salutiferas linguas destes zelosos cães teriam medicina. Oh! quantas restituições de fazenda e honra se executariam promptamente! Quantos rancores e dissidios se poriam de parte antes de criarem raizes mais profundas! Quantos contractos e demandas, pretensões e renuncias, não achariam patrocinio em opiniões mal fundadas! Que differentes e proporcionados remedios se applicariam, observando-se a variedade dos espiritos e consciencias, umas erroneas, outras ignorantes, outras illusas; umas audazes e temerarias, outras timidas e escrupulosas; outras desmemoriadas e pouco reflexivas! Oh! quanto fructo faz na sua Igreja um bom paroco! Quanto fructo em uma cidade inteira um só confessor sancto, um confessor que não faz excepção de pessoas, para receber e ouvir a todos paciente e benignamente! Que não recusa ouvir confissões geraes! Que estuda sobre granjear e melhorar a fazenda de Christo, que são as almas! Que lhe doem as injurias da honra deste Senhor! Que faz chorar os penitentes, porque elle chora primeiro! Quantas almas lhe traria Deus, se lhas pedisse com vivo desejo da sua salvação, e dellas soubesse dar-lhe boa conta! Que differente respeito e obediencia lhe teriam estas, vendo que só procurava dellas o que procurou Christo! E se este confessor sancto o fosse dos principes, dos pastores, ou dos ministros, quantos lucros iam aqui avançados em um só lucro? Porque: Conversio potentium saeculi – disse São Fulgencio – multum militat acquisitionibus Christi. – E: Qui regem erudit, eum et subditos quosque instruere certum est – disse Diogenes.

Emfim, considere-se o fructo que fizeram na Igreja de Deus um São Raimundo de Penhafort, um São Saaquim, um São Francisco de Sales e um São Philippe Neri, que até o dia da sua morte não cessou de administrar este sacramento, e outros semelhantes operarios evangelicos, e por aqui se verá se o remedio do beato Pio V era efficaz. Não porque possa duvidar-se que o valor dos sacramentos não depende da sanctidade do ministro – como querem os hereges do nosso tempo – senão porque vai muita differença para os fructos delles se lograrem, e se aproveitar melhor o sangue de Christo, entre o ser ou não ser o tal ministro lettrado, prudente e timorato. Se Judas – não se requere nos exemplos total semelhança – fôra dizer o seu peccavi aos outros Apostolos, porventura que não desesperara; foi dizê-lo aos phariseus, e responderam-lhe: Que temos nós com a traição que commetteste? Viras primeiro o que fazias: Quid ad nos? Tu videris (Mt 27,4).

Porém, que o dicto arbitrio seja impraticavel, mostra-se, primeiramente, porque por alguma de três portas entram os sacerdotes a exercitar o poder que receberam de perdoar peccados: pela da justiça, como são os parocos, e mais pastores ordinarios; pela da obediencia, como são os regulares; ou pela caridade, como são quaesquer outros soldados aventureiros desta milicia de Christo. Mas, por qualquer via, sempre necessitam ser homens de grande virtude, de castidade provada, de mansidão e paciencia, de justiça e prudencia, de desprezo do mundo e inteireza de animo. Que, assim como o sacerdote, para dizer missa, tem certas vestiduras sagradas, em que primeiro se reveste, assim um confessor, para fazer o seu officio, as sobredictas virtudes são os paramentos interiores com que primeiro se há de achar ornado, e mal se poderão adquirir sem exercicio de oração e mortificação, o qual raros são os que o emprehendem menos os que continuam, porque omnes quae sua sunt quaerunt, non quae sunt JESU Christi (Fp 2,21). – E queira Deus que os bispos não tenham culpa disto, admittindo ao divino poder de perdoar peccados muitos sujeitos que vivem sujeitos a muitos peccados. Eu lhes não arrendo o ganho, nem julgo nelles por impossivel esta culpa, pois até um São Leão Papa escorregou nella. Do qual conta Sophronio que, havendo insistido em oração e jejum quarenta dias diante do sepulcro de São Pedro, pedindo-lhe instantissimamente que lhe alcançasse de Deus, Nosso Senhor, perdão de seus peccados, no remate desta quaresma lhe appareceu o gloriosissimo Principe dos Apostolos, e lhe disse: Orei por ti, e perdoados te são todos os teus peccados, exceptos os da imposição das mãos. – Quiz dizer os de haver ordenado mal alguns sacerdotes indignos, porque daqui resultam grandissimos prejuizos à Igreja de Deus. E disse que lhes não eram perdoados quanto à pena, porque quanto à culpa claro está que Deus não perdoa uns sem outros, quando são mortaes.

Por outra parte, as lettras – cuja importancia para o tal officio não se pode escusar – têm produzido tanta licença de opinar em qualquer materia, que uma grande parte da teologia moral está reduzida a pontos problematicos, em que cada um pode seguir o que quizer (...).

Quem há de metter este espirito de zelo nos confessores, e em tantos confessores, como é necessario para o fim pretendido? Ou que preceitos e regras podem nisto dar os principes ecclesiasticos, que brevemente se não alarguem e pervertam? Tudo vem a parar em falta de amor de Deus: se o há, tudo se endireita facilmente: se não o há, nada basta para nos metter a caminho. Assim se vão fabricando aquelles dois reinos, um de Jerusalém, outro de Babylonia; um do amor divino, outro do amor proprio, dando Deus a cada espirito os bens que elle procura, a saber, aos vazios as coisas vazias, que são as terrenas e caducas, e aos cheios as cheias, que são as celestiaes e permanentes, como o anjo Uriel disse ao Sancto Esdras: Vacua vacuis, et plena plenis – até que chegue o dia decretorio, em que o acerto de uns e o engano de outros se demonstre a todos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Um estrondo para destronar a Igreja – Mas Ela já enfrentou outras tempestades!

 
Um estrondo para destronar a Igreja – Mas Ela já enfrentou outras tempestades!

Luiz Sergio Solimeo

Reflexões sobre os escândalos de abuso sexual na Europa

Com o presente estrondo publicitário da mídia sobre os escândalos de abuso sexual na Europa, convém refletir sobre o que está sucedendo e como os católicos devem reagir.

Um crime hediondo

Comecemos por afirmar do modo mais peremptório que não há nada de mais hediondo do que o abuso sexual de uma criança inocente. Ninguém foi mais severo a esse respeito do que Nosso Senhor Jesus Cristo: “Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho, e o lançassem no fundo do mar” (Mateus, 18:6).

Assim, ninguém deve ter maior indignação e severidade contra esse tipo de abuso do que os católicos. Essa indignação cresce de ponto quando o responsável é alguém que, por suas Ordens sagradas ou votos religiosos, estabeleceu um vínculo especial com o Salvador e assumiu um compromisso especial pelo qual ele simboliza de algum modo os ensinamentos e a moral do Divino Mestre.

Por essa razão, tais escândalos que têm sacudido a Igreja são considerados pelos católicos não somente como uma ofensa criminosa, mas também como um pecado hediondo.
Não devemos tampouco nos esquecer de que, além do crime de abuso, há ainda o fato de que esses atos foram tolerados por algumas autoridades eclesiásticas, ou mesmo acobertados por elas. Alguns dos padres criminosos foram transferidos de uma paróquia ou escola para outra, às vezes cometendo novamente os mesmos atos abomináveis. À vista desses fatos, todas as partes concernidas devem ser censuradas e punidas, mas não a instituição, a Igreja, estabelecida santa e hierárquica pelo seu Fundador.

Segundo ato da mesma peça teatral?

A semelhança do presente estrondo publicitário com a crise americana de 2002 nos leva a perguntar se os atuais esforços – especialmente aqueles tentando envolver o Papa – não apontam para uma associação de fato entre jornalistas de esquerda e dissidentes católicos, numa tentativa de mudar o tipo de governo da Igreja de hierárquico para democrático. As táticas utilizadas são tão semelhantes que parecem ser o segundo ato da mesma peça de teatro.
Essa possível associação de nenhum modo diminui a gravidade dos pecados cometidos ou a santa indignação que se deve ter ante tais escândalos. Entretanto, ela explica alguns aspectos de uma verdadeira campanha mundial que veicula as mesmas sugestões e pressões para mudar a Igreja, a fim de que Ela se conforme com a “moral” do mundo paganizado.

O principal órgão da mídia à frente do recente estrondo publicitário na Europa é a revista semanal alemã Der Spiegel. Na sua edição internacional on-line em inglês (08/02/2010), podemos ler o artigo intitulado Vergonha e medo: Por dentro do escândalo de abuso sexual católico da Alemanha, assinado pelo corpo editorial da revista.

Nesse artigo, ao mesmo tempo em que são descritos alguns casos de abuso com chocantes pormenores, fica clara a posição anticatólica e anticlerical de seus autores. O artigo apresenta a Igreja como uma instituição ultrapassada, portadora de uma moral repressiva, e atribui à posição dela sobre o homossexualismo e o celibato, bem como à sua estrutura hierárquica, a causa dos escândalos de pedofilia. Cita como especialistas teólogos dissidentes como Hans Kung e Eugen Drewermann, e se referem a grupos marginais como Nós Somos Igreja para opinar sobre o modelo de Igreja que querem ver imposta.

O artigo critica a “reivindicação da Igreja Católica de ser uma autoridade moral superior”. Para Der Spiegel, os escândalos sexuais são frutos da “moralidade sexual reprimida imposta de cima” pela Igreja. O ex-teólogo católico Hans Kung dá sua opinião: “Se você é forçado, em virtude de sua profissão, a viver uma vida sem uma mulher e filhos, há um grande risco de que a integração saudável da sexualidade venha a falhar, o que pode conduzir, por exemplo, a atos de pedofilia”. O ex-padre Eugen Drewermann acha errada “uma Igreja com uma estrutura repressiva nas áreas emocionais e relativas ao amor.”

Outro “perito” de Der Spiegel é Wunibald Müller, apresentado como teólogo e psicoterapeuta, o qual defende o homossexualismo e um “erotismo místico”. Ele sustenta que “a experiência da dor e do sofrimento pode nos conduzir a Deus, mas também o podem o erotismo e a paixão sexual”. Ele não vê nenhum problema nas relações sexuais, de qualquer tipo que sejam, mas somente em “um homossexualismo imaturo que tornaria certos padres suscetíveis a serem atraídos por jovens.” 1

Finalmente, o movimento dissidente Nós Somos Igreja reclama de “um problema estrutural no qual uma estrita moralidade sexual e um sistema autoritário combinam para formar uma mistura perigosa”.2

Ecos por toda a Europa

O artigo de Der Spiegel está ecoando em publicações por toda a Europa. Nelas encontramos os mesmos argumentos atacando a moral e as estruturas de governo da Igreja que circularam nos Estados Unidos em 2002, e em alguns casos, a citação dos mesmos “peritos”.
Seguindo o exemplo de Der Spiegel, podemos citar Peter Popham, articulista religioso do jornal inglês The Independent (15/3/2010). Ele escreve uma longa crônica sobre os escândalos sexuais clericais, e utilizando o linguajar progressista defende uma Igreja “modernizada.” Sua linguagem é tão violenta que ele vai ao extremo de chamar o Papa de “ex-nazista”.

O jornal italiano Corriere della Sera (16/03/2010) fez notar que “o movimento progressista [católico] ‘Igreja de Iniciativa a partir da Base’ pediu diretamente a renúncia de Bento XVI…” O jornal citou também o movimento dissidente Nós Somos Igreja.

Simon Sturdee, da Agência France Press (17/03/2010), afirma que “figuras conspícuas da Igreja na Alemanha… pedem a revisão do celibato eclesiástico…”
Um blogueiro religioso inglês muito lido, que usa o pseudônimo “Arcebispo
Crammer” (16/03/2010), analisou a extensão do estrondo publicitário mundial, e perguntou: “O Papa Bento XVI está para renunciar?” Introduzindo os links à sua longa lista de artigos, ele acrescenta: “Bem, ele está sob uma pequena pressão”.

Cobertura escandalosa

Tal cobertura não trata das questões centrais. Em vez de deixar claro que os crimes hediondos cometidos e seus acobertamentos vão contra os ensinamentos e as estruturas da Igreja, esses pretensos jornalistas-teólogos alegam que tais ensinamentos e estruturas são a causa dos crimes! Ao invés de mostrar como a sexualidade desbragada é parte do problema, esses comentaristas apresentam o fim da “repressão sexual” como parte da solução.

Mencionemos ainda uma curiosa comparação. De 1995 até o presente, houve na Alemanha 210 mil casos de abusos sexuais com menores. Destes, somente 94 envolveram o clero, ou seja, a ínfima porcentagem de 0,044% do total. Somos levados a perguntar por que Der Spiegel e tantas outras publicações só falam de escândalos sexuais do clero, como se este fosse a única, ou a principal causa do abuso sexual de menores.3

Ante tais incoerências, a pergunta que se põe é se o atual estrondo publicitário internacional sobre os escândalos sexuais de clérigos visa o bem da Igreja e dos fiéis, ou se há, pelo contrário, está sendo promovida novamente a mesma agenda usada em 2002 nos Estados Unidos, visando reformar a instituição da Igreja como ela é hoje, sempre foi e não pode mudar uma vez que foi assim estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Espírito de Deus não está no sensacionalismo

Em 2002 a Comissão de Estudos da American TFP já havia denunciado, a existência de uma estranha ligação entre a mídia esquerdista e católicos dissidentes em seu livro Arrostei outras tempestades – Uma resposta aos escândalos e reformas democráticas que ameaçam a Igreja Católica. Esse livro mostra como tal aliança se aproveita da tragédia dos abusos sexuais para tentar transformar a estrutura da Igreja em algo contrário às suas tradições e aos desejos de seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fazemos notar que o Papa Bento XVI, na sua Carta Pastoral aos Católicos da Irlanda, sem mencionar a mídia de esquerda ou os dissidentes católicos, trata da questão de modo sereno e sobrenatural, tão contrário ao tom de “escândalo-difamatório” da mídia e dos dissidentes. Deus não se encontra na agitação nem no sensacionalismo (Cf. 1 Reis, 19,11-13).

Castigar dando esperança

A carta do Papa fustiga tanto os padres infiéis como os bispos tolerantes responsáveis pelos escândalos. Ele usa uma linguagem forte para qualificar suas ações e apóia as sanções canônicas e civis contra eles. Mas, ao mesmo tempo, não os abandona e insiste no poder do arrependimento e da penitência unidos aos sofrimentos de Jesus Cristo, uma vez que não existe pecado sem perdão.

A carta enfatiza a necessidade do retorno à Fé, à verdadeira vida de piedade, à devoção à Santíssima Virgem e ao Santíssimo Sacramento, bem como um maior amor à Igreja. Não é rompendo com a Igreja ou sonhando com uma Igreja diferente da fundada pelo Divino Salvador que podemos sair da crise.

Bento XVI aconselha a todos os católicos: “ao enfrentardes os desafios do momento, peço-vos lembrar da ‘rocha da qual fostes talhados’ (Is 51,1)”. Os católicos devem se lembrar da Fé de nossos pais e de tudo quanto a Igreja fez: a conversão dos pagãos e dos bárbaros, a criação de instituições como os hospitais e as universidades, e o cuidado dos pobres.

A Igreja “arrostou outras tempestades”

Sim, a Igreja “arrostou outras tempestades”. Em meio à crise atual, devemos seguir o conselho de São Paulo: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio.” (Efésios, 6,11).
Notas
1. Cf. http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,676497-5,00.html
2. http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,druck-676497,00.html.
3. Luigi Accattoli Perché solo la Chiesa ammette i propri peccati? http://www.liberal.it/media/340307/09_03_liberal_10.pdf; http://www.laiglesiaenlaprensa.com/2010/03/operaci%C3%B3nlimpieza-de-benecito-xvi.html.

Transcrito do site
http://www.ipco.org.br/home/noticias/um-estrondo-para-destronar-a-igreja-mas-ela-ja-enfrentou-outras-tempestades#more-1187

Um estrondo para destronar a Igreja – Mas Ela já enfrentou outras tempestades!

Um estrondo para destronar a Igreja – Mas Ela já enfrentou outras tempestades!

Luiz Sergio Solimeo

Reflexões sobre os escândalos de abuso sexual na Europa

Com o presente estrondo publicitário da mídia sobre os escândalos de abuso sexual na Europa, convém refletir sobre o que está sucedendo e como os católicos devem reagir.

Um crime hediondo

Comecemos por afirmar do modo mais peremptório que não há nada de mais hediondo do que o abuso sexual de uma criança inocente. Ninguém foi mais severo a esse respeito do que Nosso Senhor Jesus Cristo: “Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho, e o lançassem no fundo do mar” (Mateus, 18:6).

Assim, ninguém deve ter maior indignação e severidade contra esse tipo de abuso do que os católicos. Essa indignação cresce de ponto quando o responsável é alguém que, por suas Ordens sagradas ou votos religiosos, estabeleceu um vínculo especial com o Salvador e assumiu um compromisso especial pelo qual ele simboliza de algum modo os ensinamentos e a moral do Divino Mestre.

Por essa razão, tais escândalos que têm sacudido a Igreja são considerados pelos católicos não somente como uma ofensa criminosa, mas também como um pecado hediondo.
Não devemos tampouco nos esquecer de que, além do crime de abuso, há ainda o fato de que esses atos foram tolerados por algumas autoridades eclesiásticas, ou mesmo acobertados por elas. Alguns dos padres criminosos foram transferidos de uma paróquia ou escola para outra, às vezes cometendo novamente os mesmos atos abomináveis. À vista desses fatos, todas as partes concernidas devem ser censuradas e punidas, mas não a instituição, a Igreja, estabelecida santa e hierárquica pelo seu Fundador.

Segundo ato da mesma peça teatral?

A semelhança do presente estrondo publicitário com a crise americana de 2002 nos leva a perguntar se os atuais esforços – especialmente aqueles tentando envolver o Papa – não apontam para uma associação de fato entre jornalistas de esquerda e dissidentes católicos, numa tentativa de mudar o tipo de governo da Igreja de hierárquico para democrático. As táticas utilizadas são tão semelhantes que parecem ser o segundo ato da mesma peça de teatro.
Essa possível associação de nenhum modo diminui a gravidade dos pecados cometidos ou a santa indignação que se deve ter ante tais escândalos. Entretanto, ela explica alguns aspectos de uma verdadeira campanha mundial que veicula as mesmas sugestões e pressões para mudar a Igreja, a fim de que Ela se conforme com a “moral” do mundo paganizado.

O principal órgão da mídia à frente do recente estrondo publicitário na Europa é a revista semanal alemã Der Spiegel. Na sua edição internacional on-line em inglês (08/02/2010), podemos ler o artigo intitulado Vergonha e medo: Por dentro do escândalo de abuso sexual católico da Alemanha, assinado pelo corpo editorial da revista.

Nesse artigo, ao mesmo tempo em que são descritos alguns casos de abuso com chocantes pormenores, fica clara a posição anticatólica e anticlerical de seus autores. O artigo apresenta a Igreja como uma instituição ultrapassada, portadora de uma moral repressiva, e atribui à posição dela sobre o homossexualismo e o celibato, bem como à sua estrutura hierárquica, a causa dos escândalos de pedofilia. Cita como especialistas teólogos dissidentes como Hans Kung e Eugen Drewermann, e se referem a grupos marginais como Nós Somos Igreja para opinar sobre o modelo de Igreja que querem ver imposta.

O artigo critica a “reivindicação da Igreja Católica de ser uma autoridade moral superior”. Para Der Spiegel, os escândalos sexuais são frutos da “moralidade sexual reprimida imposta de cima” pela Igreja. O ex-teólogo católico Hans Kung dá sua opinião: “Se você é forçado, em virtude de sua profissão, a viver uma vida sem uma mulher e filhos, há um grande risco de que a integração saudável da sexualidade venha a falhar, o que pode conduzir, por exemplo, a atos de pedofilia”. O ex-padre Eugen Drewermann acha errada “uma Igreja com uma estrutura repressiva nas áreas emocionais e relativas ao amor.”

Outro “perito” de Der Spiegel é Wunibald Müller, apresentado como teólogo e psicoterapeuta, o qual defende o homossexualismo e um “erotismo místico”. Ele sustenta que “a experiência da dor e do sofrimento pode nos conduzir a Deus, mas também o podem o erotismo e a paixão sexual”. Ele não vê nenhum problema nas relações sexuais, de qualquer tipo que sejam, mas somente em “um homossexualismo imaturo que tornaria certos padres suscetíveis a serem atraídos por jovens.” 1

Finalmente, o movimento dissidente Nós Somos Igreja reclama de “um problema estrutural no qual uma estrita moralidade sexual e um sistema autoritário combinam para formar uma mistura perigosa”.2

Ecos por toda a Europa

O artigo de Der Spiegel está ecoando em publicações por toda a Europa. Nelas encontramos os mesmos argumentos atacando a moral e as estruturas de governo da Igreja que circularam nos Estados Unidos em 2002, e em alguns casos, a citação dos mesmos “peritos”.
Seguindo o exemplo de Der Spiegel, podemos citar Peter Popham, articulista religioso do jornal inglês The Independent (15/3/2010). Ele escreve uma longa crônica sobre os escândalos sexuais clericais, e utilizando o linguajar progressista defende uma Igreja “modernizada.” Sua linguagem é tão violenta que ele vai ao extremo de chamar o Papa de “ex-nazista”.

O jornal italiano Corriere della Sera (16/03/2010) fez notar que “o movimento progressista [católico] ‘Igreja de Iniciativa a partir da Base’ pediu diretamente a renúncia de Bento XVI…” O jornal citou também o movimento dissidente Nós Somos Igreja.

Simon Sturdee, da Agência France Press (17/03/2010), afirma que “figuras conspícuas da Igreja na Alemanha… pedem a revisão do celibato eclesiástico…”
Um blogueiro religioso inglês muito lido, que usa o pseudônimo “Arcebispo
Crammer” (16/03/2010), analisou a extensão do estrondo publicitário mundial, e perguntou: “O Papa Bento XVI está para renunciar?” Introduzindo os links à sua longa lista de artigos, ele acrescenta: “Bem, ele está sob uma pequena pressão”.

Cobertura escandalosa

Tal cobertura não trata das questões centrais. Em vez de deixar claro que os crimes hediondos cometidos e seus acobertamentos vão contra os ensinamentos e as estruturas da Igreja, esses pretensos jornalistas-teólogos alegam que tais ensinamentos e estruturas são a causa dos crimes! Ao invés de mostrar como a sexualidade desbragada é parte do problema, esses comentaristas apresentam o fim da “repressão sexual” como parte da solução.

Mencionemos ainda uma curiosa comparação. De 1995 até o presente, houve na Alemanha 210 mil casos de abusos sexuais com menores. Destes, somente 94 envolveram o clero, ou seja, a ínfima porcentagem de 0,044% do total. Somos levados a perguntar por que Der Spiegel e tantas outras publicações só falam de escândalos sexuais do clero, como se este fosse a única, ou a principal causa do abuso sexual de menores.3

Ante tais incoerências, a pergunta que se põe é se o atual estrondo publicitário internacional sobre os escândalos sexuais de clérigos visa o bem da Igreja e dos fiéis, ou se há, pelo contrário, está sendo promovida novamente a mesma agenda usada em 2002 nos Estados Unidos, visando reformar a instituição da Igreja como ela é hoje, sempre foi e não pode mudar uma vez que foi assim estabelecida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Espírito de Deus não está no sensacionalismo

Em 2002 a Comissão de Estudos da American TFP já havia denunciado, a existência de uma estranha ligação entre a mídia esquerdista e católicos dissidentes em seu livro Arrostei outras tempestades – Uma resposta aos escândalos e reformas democráticas que ameaçam a Igreja Católica. Esse livro mostra como tal aliança se aproveita da tragédia dos abusos sexuais para tentar transformar a estrutura da Igreja em algo contrário às suas tradições e aos desejos de seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Fazemos notar que o Papa Bento XVI, na sua Carta Pastoral aos Católicos da Irlanda, sem mencionar a mídia de esquerda ou os dissidentes católicos, trata da questão de modo sereno e sobrenatural, tão contrário ao tom de “escândalo-difamatório” da mídia e dos dissidentes. Deus não se encontra na agitação nem no sensacionalismo (Cf. 1 Reis, 19,11-13).

Castigar dando esperança

A carta do Papa fustiga tanto os padres infiéis como os bispos tolerantes responsáveis pelos escândalos. Ele usa uma linguagem forte para qualificar suas ações e apóia as sanções canônicas e civis contra eles. Mas, ao mesmo tempo, não os abandona e insiste no poder do arrependimento e da penitência unidos aos sofrimentos de Jesus Cristo, uma vez que não existe pecado sem perdão.

A carta enfatiza a necessidade do retorno à Fé, à verdadeira vida de piedade, à devoção à Santíssima Virgem e ao Santíssimo Sacramento, bem como um maior amor à Igreja. Não é rompendo com a Igreja ou sonhando com uma Igreja diferente da fundada pelo Divino Salvador que podemos sair da crise.

Bento XVI aconselha a todos os católicos: “ao enfrentardes os desafios do momento, peço-vos lembrar da ‘rocha da qual fostes talhados’ (Is 51,1)”. Os católicos devem se lembrar da Fé de nossos pais e de tudo quanto a Igreja fez: a conversão dos pagãos e dos bárbaros, a criação de instituições como os hospitais e as universidades, e o cuidado dos pobres.

A Igreja “arrostou outras tempestades”

Sim, a Igreja “arrostou outras tempestades”. Em meio à crise atual, devemos seguir o conselho de São Paulo: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio.” (Efésios, 6,11).
Notas
1. Cf. http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,676497-5,00.html
2. http://www.spiegel.de/international/germany/0,1518,druck-676497,00.html.
3. Luigi Accattoli Perché solo la Chiesa ammette i propri peccati? http://www.liberal.it/media/340307/09_03_liberal_10.pdf; http://www.laiglesiaenlaprensa.com/2010/03/operaci%C3%B3nlimpieza-de-benecito-xvi.html.

Transcrito do site
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terça-feira, 6 de abril de 2010

Heroica e importante campanha

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